25 de fevereiro de 2019

DPU promove seminário voltado para pessoas em situação de rua no RJ


Na última sexta-feira (22) o auditório da Defensoria Pública da União (DPU) no Rio de Janeiro sediou o I Seminário de Fortalecimento do Movimento Nacional da População em Situação de Rua do Rio de Janeiro, com o tema “Direito à habitação e geração de renda”. O evento reuniu defensores públicos federais e estaduais, pessoas em situação de rua e representantes do Estado e de movimentos da sociedade civil que atuam em defesa dos direitos deste grupo social. Os presentes tiveram oportunidade de assistir a palestras e participar de debates sobre os temas propostos, além de conhecer e obter mais informações a respeito de iniciativas já realizadas ou em andamento. Para completar a programação, o público pode assistir a apresentação do coral Canto da Rua.



O evento foi aberto pelo defensor regional de direitos humanos da DPU/RJ, Thales Arcoverde Treiger. Segundo ele, “é imprescindível que o Poder Público tenha especial atenção às pessoas em situação de rua. A omissão estatal estrutural fica evidente na medida em que essas pessoas sequer tem respeitado o seu direito de ser mapeadas pelo Censo da população brasileira”. O defensor ressalta que “a ausência de estatísticas confiáveis perpetua a relação histórica de negligência. O IBGE ocupa papel relevante na efetivação de políticas públicas que dizem respeito à consecução dos direitos humanos. É por meio do Censo que a União define as prioridades a serem atendidas e é inadmissível que se tenha dados referentes a cabeças de gado e a animais de estimação, mas não da população em situação de rua”. Thales conclui que “sem a contagem desta parcela da população, fica impossível estabelecer qualquer amparo significativamente razoável a fim da implementação de políticas públicas realmente eficazes voltadas especificamente para este segmento, por isso a DPU vem tentando fazer valer a decisão na ação civil pública que impõe ao IBGE a inclusão destas pessoas no Censo 2020”.


Durante a primeira mesa que debateu “Direito à habitação”, a coordenadora nacional do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), Maralice dos Santos destacou que importância de incluir pessoas em situação de rua em projetos como o “Minha casa minha vida” e denunciou a dificuldade dessas pessoas serem contempladas no estado do Rio de Janeiro. Também compuseram a mesa discutindo projetos e ações e omissões estatais Breno Garcia, integrante do projeto Ruas; Rafaela Selem, professora de Direito Constitucional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Rafael Machado, integrante do MNPR/Alagoas; Helena Drummond, representante do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a população em situação de rua do município do Rio de Janeiro.


À tarde, o tema abordado foi “Geração de Renda”. A mesa foi composta pela defensora pública estadual no Rio de Janeiro Carla Beatriz Nunes Maia; a subsecretária de Geração de Emprego e Renda da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda (SEDEGER) Ana Asti; a superintendente de Atendimento ao Trabalhador Andrea Baptista; a vereadora eleita pelo Partido dos Trabalhadores do RJ Luciana Novaes; o jornalista, educador popular e presidente da Rede Dom Hélder Câmara Isaías Bezerra; e Gonzaga, integrante do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) da Bahia. Atuou como mediadora a integrante do MNPR/RJ Elicarla Maria Alvares.



GT Rua

A Defensoria Pública da União tem atribuição para atuar na tutela individual e coletiva em qualquer violação de direitos humanos associada às pessoas em situação de rua, condição em que passam a viver após perder a maioria dos vínculos sociais, deixando-as sujeitas a constantes violações dos poucos direitos que ainda mantém. Os motivos que colocam alguém em situação de rua podem ser sociais, como ocorre em crises econômicas; pessoais, como os de dependência química ou doença mental; e ainda os de desastres de grande escala, como enchentes ou incêndios.

Para analisar as demandas específicas desse grupo populacional heterogêneo hiper vulnerável, a DPU criou o Grupo de Trabalho Rua, voltado especialmente a essas pessoas em situação de pobreza extrema. A reiterada condição de exclusão e discriminação enfrentada pelas pessoas em situação de rua leva a uma grande descrença da atuação do Estado, exigindo estratégia específica da Defensoria Pública da União. Assim, a DPU atua para garantir acesso a políticas públicas e benefícios sociais, judicial ou administrativamente, que permitam às pessoas em situação de rua a reabilitação física, social e profissional para reconstrução da vida de forma digna e autônoma.

Além disso, em dezembro de 2018, a Ronda de Direitos Humanos, criada em 2015 por iniciativa do defensor público federal Renan Vinicius Sotto Mayor de Oliveira e da defensora pública estadual Carla Beatriz Nunes Maia (DPE/RJ), venceu o 15º Prêmio Innovare na Categoria Defensoria Pública. A Ronda DH atua levando assistência e acesso à Justiça diretamente às pessoas em situação de rua, com a participação de representantes da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro (DPU/RJ), da Defensoria Pública Geral do Estado do Rio de Janeiro (DPGE/RJ) e de movimentos da sociedade civil. O projeto percorre ruas da cidade do Rio de Janeiro ouvindo as histórias, queixas e denúncias e colhendo dados e informações para verificar se a população em situação de rua sofre algum tipo de violência por parte dos agentes públicos. Com a atuação da Ronda DH, a estimativa é que tenha havido uma redução de cerca de 50% no número de violações. 






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