Nos últimos dias, a imprensa repercutiu informações sobre o I Encontro do
Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde, iniciativa do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) para tentar aprimorar a resolução de conflitos nessa área. O
encontro foi realizado no prédio do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP),
nos dias 18 e 19 de novembro.
No final do evento, foi divulgada a “Declaração do Fórum do Judiciário
para a Saúde”, com recomendações a serem adotadas para a resolução dos
conflitos judiciais no setor. De acordo com o texto, “o Fórum da Saúde procura
mecanismos que visam aprimorar e resolver as principais dificuldades
encontradas pelos magistrados na sua responsabilidade de pacificar os conflitos
no setor”. Em 05 itens, o documento destacou “os objetivos a serem perseguidos
nos próximos anos”:
1 - Sugestão para que o Plenário do CNJ edite resolução que disponha
sobre procedimentos que assegurem a efetividade do direito constitucional à
saúde, a celeridade processual, a diminuição da litigiosidade, compondo uma
política judiciária que gerencia as demandas da área da Saúde.
2 - Instalação até o mês de janeiro de 2011 dos comitês estaduais, estes
formados por juízes que vão promover o acompanhamento das principais demandas
judiciais do setor.
3 - Realização de estudos e diagnósticos que poderão subsidiar as
políticas públicas do judiciário, considerando especialmente a prevenção e
solução de conflitos judiciais no que diz respeito às suas peculiaridades e
dificuldades locais.
4 - Levantamento e acompanhamento regular dos processos judiciais de modo
a identificar e tipificar as principais demandas dos cidadãos e as partes
envolvidas nos conflitos, sejam elas entes públicos ou privados.
5 - Realização de debates e eventos científicos nos estados, com apoio
das Escolas de Magistratura, como forma de preparar novas sugestões de
regulação e procedimentos para o setor que poderão ser discutidos no mês de
maio, ocasião em que deverá ser realizado o II Encontro do Fórum Nacional do
Judiciário para a Saúde.
A Defensoria Pública da União (DPU) vem trabalhando em um projeto que
poderia auxiliar muito neste processo. Trata-se do Comitê Interinstitucional de
Resolução Administrativa de Demandas da Saúde (CIRADS), cujo objetivo é
solucionar, administrativamente, as demandas envolvendo o cidadão e o Sistema
Único de Saúde (SUS). Um projeto-piloto já foi implantado no Rio Grande do
Norte, mas, apesar do sucesso que a iniciativa vem obtendo naquela região, a
DPU ainda não conseguiu ampliá-la em nível nacional porque depende de outras
instituições para dar prosseguimento aos trabalhos.
Sobre o Cirads
A solução administrativa dos conflitos da saúde é viabilizada por meio da
análise, pelo Cirads, dos casos concretos em que o assistido pelo SUS não tenha
recebido o devido atendimento pelo referido sistema. O objetivo é identificar
tanto os casos em que o pleito pode ser atendido administrativamente, evitando
a sua judicialização, quanto aqueles em que se pode conciliar em ações
judiciais já em curso, nas hipóteses em que o tratamento de saúde (fornecimento
de medicamentos, insumos, materiais e serviços de saúde) esteja previsto no
âmbito do SUS e não tenha sido prestado, bem como naquelas hipóteses em que,
por algum motivo, o médico tenha indicado tratamento diverso dos que são oferecidos
pelo SUS. Constitui objetivo do Cirads, também, a apresentação de propostas,
perante as autoridades competentes, tendentes ao aperfeiçoamento do SUS.
O Cirads já resolveu vários casos referentes a demandas dos cidadãos em
suas reuniões ordinárias (média de 50% dos casos apreciados), bem como realizou
reuniões extraordinárias. No dia 18/05/2010, o comitê realizou o “1° Ciclo de
Debates Sobre a Assistência Farmacêutica no SUS”, importante evento que
discutiu as modificações na política pública de distribuição de medicamentos
pelo SUS.
O Cirads pretende ampliar a parceria existente, sempre na perspectiva de
atender o cidadão, valorizar o SUS e procurar auxiliar as autoridades públicas
na melhoria dos serviços de saúde prestados à população. Sua implantação em
nível nacional significaria redução de custos para o Judiciário
(evitando a judicialização) e de gastos com compra de remédios
(possibilitaria melhor planejamento sobre as necessidades e,
consequentemente, programação das licitações para compra de medicamentos). O mais
importante, no entanto, seria o ganho para a população, que teria resposta para
seus pleitos com mais rapidez e eficácia.
Comunicação DPU/RJ
Comunicação DPU/RJ
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