21 de setembro de 2018

GT Identidade de Gênero e Cidadania LGBTI da DPU promove treinamento para servidores e estagiários da unidade RJ

Nesta 6ª feira (21), os servidores e estagiários que atuam no atendimento ao público da unidade Rio de Janeiro da Defensoria Pública da União (DPU) participaram de um treinamento voltado à conscientização e ao aperfeiçoamento de suas funções no trato com o público LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexuais), de modo a melhorar a prestação de assistência jurídica para esta população. A atividade, realizada em parceria com o Grupo Saúde Sexual e Reprodutiva da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aconteceu em dois turnos (manhã e tarde) para atender a todos os 63 inscritos.

A partir da identificação da necessidade de esclarecer os atendentes quanto a questões de gênero, a supervisão do setor de atendimento da DPU/RJ e a defensora pública federal e coordenadora do Grupo de Trabalho Identidade de Gênero e Cidadania LGBTI da DPU, Carolina Castelliano, desenvolveram a ideia de uma oficina que pudesse sanar dúvidas e explicar conceitos relacionados a este público da defensoria.

De acordo com Carolina: “a população LGBTI é especialmente vulnerável considerando os estereótipos de gênero que marcam historicamente as relações interpessoais na nossa sociedade e que contribuem para uma observância forçada de determinados padrões de comportamento”. Nesse sentido, a coordenadora do GT nacional destaca que “a DPU, enquanto instituição pública que tem como objetivo a promoção e educação em direitos, deve priorizar a qualificação do seu quadro de profissionais, dentre defensores, servidores e estagiários, para um atendimento sempre sensível e adequado às demandas de populações vulneráveis que cheguem até nós”.



A capacitação, voltada para o atendimento à população LGBTI, envolveu dinâmicas de grupo e debates sobre os aspectos biopsicossociais e culturais relacionados à saúde sexual, orientados pela professora Ana Luiza de Oliveira Carvalho, vice líder do Grupo de pesquisa Saúde Sexual e Reprodutiva da UFRJ. O curso contou, ainda, com exposições sobre a problemática da sexualidade humana nos diversas fases de vida e em situações especiais e a explicação de conceitos como nome social; diferença entre sexo e gênero; identidade, papel e estereótipo de gênero e nomenclaturas dentro da identidade de gênero (como transexual, transgênero, cisgênero, travesti e “não binário”).

Segundo Ana Luiza Carvalho “a atividade teve um resultado muito positivo, além das expectativas, tanto para mim quanto para aos participantes, segundo a avaliação final deles próprios. Tivemos a participação de pessoas de diversas idades e funções na defensoria e todos se sentiram confortáveis a se manifestar e até mesmo apresentar casos que já vivenciaram na DPU e na sua vida pessoal”. Para a professora, “após essa sensibilização, eles perceberam que poderiam agir de outra forma, não apenas com respeito, mas indo além e agindo segundo a especificidade individual daquelas pessoas”.

Para a vice líder do Grupo Saúde Sexual e Reprodutiva da UFRJ, “falar sobre assuntos que envolvem a população trans, que já é uma minoria que vive num cenário de alta vulnerabilidade, é fundamental, sobretudo em uma instituição como a DPU vocacionada a defender essas pessoas que a procuram para ter seus direitos garantidos”. Essa ação de treinamento vai ao encontro do trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisa da UFRJ que “busca contribuir para o acesso de homens e mulheres aos seus direitos sexuais e reprodutivos como direitos humanos assim como produzir e disseminar conhecimento que favoreça a assistência e o fortalecimento da população LGBTI mais vulnerável”.



GT Identidade de Gênero e Cidadania LGBTI

A Defensoria Pública da União tem atribuição para atuar na tutela individual e coletiva em qualquer violação de direitos humanos associada à identidade de gênero e cidadania LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexuais). Por meio do Grupo de Trabalho, são desenvolvidas atividades, em âmbito nacional, para efetivar a garantia constitucional de cada indivíduo desfrutar de todos os direitos humanos, livre de discriminação por sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Sobre o trabalho do GT Identidade de Gênero e Cidadania LGBTI da DPU, Carolina Castelliano acrescenta que “o Grupo de Trabalho desenvolve atividades voltadas à temática de identidade de gênero e a discriminação deste grupo, envolvendo não apenas a prestação de assistência jurídica, seja individual ou coletiva, mas também a articulação com órgãos governamentais e a sociedade civil em prol dos direitos desta população”.

Toda pessoa tem o direito ao padrão mais alto alcançável de saúde física e mental, sem discriminação por motivo de orientação sexual ou identidade de gênero. A saúde sexual é um aspecto fundamental desse direito, inclusive no que se refere à saúde reprodutiva, acesso à informação e terapia hormonal ou outro tipo de terapia, assim como a tratamentos de redesignação de sexo/gênero, quando desejado.

A prática de ato discriminatório ou que incite o preconceito ou a violência de gênero pode ser comunicada ao GT e qualquer pessoa que se sentir vítima de preconceito ou discriminação por questões de gênero e sexualidade pode procurar uma das sedes da Defensoria Pública da União nos Estados ou no Distrito Federal.


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