Depois de aproximadamente dez anos atendendo na Rua da Alfândega, 70, a
Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro (DPU/RJ) realizou, em 19 de maio,
Dia Nacional da Defensoria Pública, a inauguração formal de sua nova sede, na
Avenida Presidente Vargas, número 62, também no Centro da cidade.
A
solenidade, aberta pela apresentação da banda do 1º Distrito Naval da
Marinha executando o hino nacional brasileiro, contou com a presença do defensor
público-geral federal, Carlos Eduardo Barbosa Paz; o defensor público-chefe da
2ª Categoria da DPU/RJ, Celso Azoury Telles de Aguiar; a defensora
público-chefe da 1ª Categoria da DPU/RJ, Alessandra Fonseca Carvalho; o vice prefeito
do Rio de Janeiro, Fernando Mac Dowell; o deputado federal, Wadih Nemer Damous
Filho (PT/RJ); o subprocurador regional da União, Roberto de Aragão Ribeiro
Rodrigues; o procurador-chefe da Procuradoria Regional da União da 2ª Região,
Carlos Eduardo Possidente Gomes; o gerente geral da Caixa Econômica Federal,
Gustavo Garrido e o presidente do Conselho regional de medicina do estado do
Rio de Janeiro (CREMERJ), Nelson Nahon; além dos defensores e servidores
lotados na unidade.
O defensor público federal Daniel de Macedo Alves Pereira,
representando todos os membros de carreira da Instituição, iniciou a cerimônia,
destacando a importância da Defensoria Pública. “Torna-se irrecusável
reconhecer a essencialidade desta Instituição como instrumento de concretização
dos direitos e das liberdades que também são titulares as pessoas carentes e
necessitadas. É por este motivo que a Defensoria Pública foi qualificada pela
própria Constituição da República como instituição essencial ao desempenho da
atividade jurisdicional”, disse o defensor.
Segundo ele, o improviso, entretanto, sempre foi a palavra de ordem do
Poder Executivo em relação à DPU. “A Defensoria Publica da União sempre nadou
contra a maré. A nossa musculatura decorre da resistência e daí o nosso
esforço. Como diz a frase, ‘nos enterraram, mas esqueceram de que somos
sementes’. Nas últimas décadas, entendemos que somente nos restava a luta. Foi
preciso nos desvincular do Poder Executivo e ser um ‘extra-poder’. O nosso
comando ficava, até bem pouco tempo, com o Ministério da Justiça. O poder
constituinte derivado reconheceu o erro e nos deu a tão sonhada autonomia
orçamentária, administrativa e legislativa. Obviamente, esse reconhecimento só
veio após um trabalho árduo perante o parlamento. Precisávamos sair da
invisibilidade, que era nossa realidade, para mostrar o nosso valor. Defendemos
nossos assistidos como se tirássemos mel de pedra; levamos esperança aos
presídios; na seara previdenciária, lutamos pelos assistidos em um cenário de
verdadeiro retrocesso de direitos sociais; na área cível, são inúmeros os
exemplos, como na luta pela saúde, educação e moradia”, afirmou Daniel Macedo.
“Finalmente, hoje temos uma nova casa, a casa do povo, a casa da cidadania, uma
nova casa que poderá recepcionar os nossos assistidos com mais dignidade e com
o tratamento que eles merecem e devem ter”, completou.
“Os nossos assistidos, que antes nos buscavam com esperança, agora nos
procuram em desespero. Não há dúvida, que esta é a pior crise que o Brasil já
vivenciou. A diferença desta crise para outras está no processo claro de
atitudes de retrocesso”, comentou o defensor, que considera que, da adequada
organização e efetiva institucionalização da DPU, “depende a proteção
jurisdicional de milhares de pessoas carentes e desassistidas, que sofrem
inaceitável processo de exclusão, que as coloca injustamente à margem das
grandes conquistas jurídicas e sociais”. De acordo com Daniel Macedo, “torna-se
imperioso reconhecer que toda pessoa tem direito a ter direitos. É preciso, por
tanto, dar efetividade às regras da Constituição, que determinam ao poder público
o aparelhamento adequado da Defensoria Pública da União” concluiu.
O defensor público-chefe da 2ª Categoria da DPU/RJ Celso Azoury Telles
de Aguiar começou seu discurso, falando sobre o significado de ser defensor.
“Todos os dias, novos nomes entram no nosso sistema e, por trás destes nomes,
novos casos, novas histórias de vida e problemas que procuramos solucionar e
novas pessoas que procuramos ajudar. Não conseguimos sempre, mas sempre
tentamos. De domingo a domingo, fazendo sol ou chovendo, estamos aqui na DPU/RJ
para atender à população mais carente do nosso município”, afirmou.
Em seguida, o defensor falou sobre a necessidade de mudança da sede para
um novo endereço. “A mudança era impreterível, uma vez que o antigo prédio não
atendia mais adequadamente às nossas necessidades e tão pouco àqueles que
procuravam socorro em nossas instalações. Não havia mais espaço para novos
defensores e a parte de atendimento ao público encontrava-se em estado muito
precário. Na DPU/RJ, atendemos de 180 a 200 pessoas por dia, fora os
acompanhantes que com eles comparecem ao setor de atendimento. Assim, essa nova
sede veio para nos dar uma mínima estrutura física, para que possamos exercer o
nosso oficio”, explicou.
Celso de Aguiar relembrou que, para chegar até os dias de hoje, um longo
caminho teve de ser percorrido. “Capitaneando essa trajetória, nossa jovem
unidade teve dez chefes: inicialmente, ainda como advogada de ofício, na época
em que se converteu para a Defensoria, a Dra. Ângela Amaral da Silva, primeira
chefe da DPU no Rio de Janeiro; depois, Dr. José Romeiro, que capitaneou o
seleto grupo de sete defensores que assumiram essa unidade; posteriormente, o
Dr. Rodrigo Esteves Rezende, que foi substituído pelo Dr. Felipe Caldas
Menezes; depois, o Dr. Cloves Pinheiro da Silva; na sequência, o Dr. Ariosvaldo
Costa Homem; o sucedeu o Dr. Eraldo Silva Junior; o Dr. Carlos Wanderley, o Dr.
Igor Andrade Barbosa e, então, o Dr. Romeu Fontes. Essa trajetória não foi
construída só por estes chefes que nomeei, mas por todo defensor que aqui
passou e atuou em seu oficio, e também tem fundamental importância todos os
demais colaboradores da DPU, que exercem as atividades mais diversas em nosso
órgão. A todas estas pessoas, o meu sincero agradecimento pela sua contribuição”,
concluiu o defensor-chefe.
O defensor público-geral federal Carlos Eduardo Barbosa Paz, que também
compareceu a cerimônia e discursou na solenidade, acredita que o crescimento e
a evolução da DPU, Instituição nascida na constituinte, são necessários, “não
só pelo decurso do tempo, mas pelas demandas e pelos reclames da própria
sociedade”.
“É claro que a autonomia, obtida em 2013, foi um pilar relevante para
que nós avançássemos naquilo que esperam de nós enquanto instituição, mas esse
crescimento tem que ser consistente e sólido e, para isso, deve ser gradual.
Então, o trabalho da Defensoria Pública da União, desde o seu início, com os
advogados de oficio, até hoje, já com um pouco mais de 600 defensores públicos
federais espalhados pelo País, penso que é não mais uma semente, mas algo um
pouco maior, que tem atendido, na medida do possível, que ainda não é o ideal,
as demandas que nos vêm da sociedade”, afirmou.
Carlos Paz falou ainda sobre as perspectivas da Instituição. “O cenário
brasileiro é desafiador. Nós sabemos que o Estado tem seus limites, os recursos
são finitos, as demandas são inesgotáveis, mas nós precisamos, como gestão,
fazer, de forma otimizada e racional, o melhor enfrentamento possível daquilo
que nos chega às portas em todo o País. Eu acho que esse vai ser o horizonte
que teremos, pelo menos no curto-médio prazo, para trabalhar. Tenho certeza que
os colegas defensores, os quais tenho a honra de comandar nesse biênio, estão
conscientes dessas balizas e daquilo que esperam de nós e do que podemos fazer.
De forma que, fazer Defensoria Pública, sempre foi e sempre será um desafio. As
nossas lutas geralmente são contra majoritárias. São de apoiar aqueles que não
são vistos e não são lembrados e isso, de uma certa forma, incomoda, mas é
natural. O Direito, ao menos parte dele, é esse enfrentamento, e, de outro
lado, entra a principal função da Defensoria Pública, que, por isso mesmo,
precisa se fortalecer, é de ser um instrumento de mediação e de diálogo e
pacificação social. Se conseguirmos um pouco disso, já estaremos dando uma
contribuição muito valiosa para a nação”, concluiu..
A solenidade de inauguração da nova sede da DPU/RJ contou ainda com a
presença do deputado federal Wadih Nemer Damous Filho (PT/RJ). “A Defensoria
Pública, diferentemente de outros órgãos do sistema de Justiça brasileiro, é
aquela diretamente ligada às carências e necessidades da população mais pobre.
Assim, seu papel é fundamental na construção do Estado Democrático de Direito,
na sua dimensão social e de solidariedade aos mais vulneráveis. Por isso, o
Estado brasileiro deve muito à Defensoria. São poucos os defensores, tanto na
esfera estadual quanto na federal. Este número, assim como a estrutura da
instituição, ainda está aquém daquilo que se necessita e para o que se
pressupõe como um trabalho eficaz na defesa dos interesses da população mais
carente. Para reverter esse quadro, a DPU pode contar com todo o nosso apoio e
de todos os cidadãos e segmentos que querem um Brasil mais justo e mais
igualitário”, disse o parlamentar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário